SAF - a Síndrome dos Anticorpos Antifosfolípides
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  • Foto do escritorDr João Alho

SAF - a Síndrome dos Anticorpos Antifosfolípides


Você já ouviu falar desta síndrome? Existe um conjunto de anticorpos chamados de antifosfolípides que em resumo atacam a membrana do endotélio (tecido que cobre a parte de dentro de todos os vasos sanguíneos do corpo) e promovem um risco de trombose nos seus portadores. A doença é conhecida pela sua sigla - SAF - e vamos chamá-la assim neste artigo.

É uma doença rara, mas mesmo com a gravidade que oferece, ainda é desconhecida de muitos médicos e então acaba não tendo seu diagnóstico feito e portanto seu tratamento instituído. O SAF pode ser primário - quando aparece isolado - ou secundário - quando acompanha outra doença reumatológica, na maioria das vezes o Lúpus Eritematoso Sistêmico.

Quando falamos em trombose, não significa apenas aquilo popularmente conhecido como a doença que faz inchar a perna, embora seja o mais frequente. O SAF pode causar trombose em praticamente qualquer vaso sanguíneo do corpo, sendo que dependendo do local/órgão acometido trará um impacto diferente para o corpo. A trombose pode ser tanto de grandes vasos, como no fígado, ou de pequenos vasos, como na retina, até mesmo de vasos microscópicos, como nos rins.

O SAF também afeta bastante a placenta. Assim, uma manifestação comum nas mulheres portadoras da doença é uma história obstétrica rica, contendo abortamentos de repetição - em geral nas primeiras 12 semanas de gestação -, hipertensão na gravidez, prematuridade, baixo peso ao nascer e mesmo o achado de trombose placentária. Portanto, toda mulher com lúpus tem que ser questionada sobre sua historia obstétrica, e todo médico deve pensar em SAF ao ver uma mulher com história de abortamentos de repetição.

O SAF aumenta a chance do doente - mesmo sob tratamento adequado - ter um AVC ou um infarto. Seu médico deve estar atento ao controle de outros fatores de risco - como hipertensão, diabetes e colesterol alto - para que essas complicações sejam menos frequentes. Algumas pessoas podem também ter um declínio cognitivo leve, as vezes se mostrando como uma falta de atenção ou de memória ou de concentração, que é reflexo de minúsculos AVCs ao longo do tempo de doença.

Além de efeitos trombóticos, alguns doentes da forma primária apresentam eventualmente fenômenos autoimunes, sendo o principal deles a plaquetopenia (destruição das plaquetas, estando diminuídas no sangue). Em geral são formas leves e facilmente controlados com drogas imunossupressoras em doses convencionais.

Doenças autoimunes como hipotireoidismo (tireoidite de Hashimoto) também sao mais frequentes. É bem comum também a presença de livedo reticular (veja a foto), que nada mais é que uma mostra da doença na circulação dos pequenos vasos da pele.




O diagnóstico se dá através da presença de eventos clínicos ou obstétricos e com a presença de anticorpos antifosfolípides (beta-2-glicoproteína, anticoagulante lúpico e anticardiolipina) que devem ser repetidos em 12 semanas. Atenção, pois pessoas sem a doença podem ter os anticorpos positivos. Então, não existe nenhuma indicação de pedir esses anticorpos em forma de checkup, mesmo em gestantes.

Além do controle do lúpus quando presente, o tratamento está em fazer anticoagulação com medicações que devem ser indicadas pelo médico e exigem acompanhamento regular, pois oferecem riscos. É perigosíssimo usá-las por conta própria ou não realizar os exames e o acompanhamento periódico com seu médico.

Obrigado a todos e até a próxima.

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